segunda-feira, 16 de abril de 2012

MONTEIRO LOBATO


José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18/04/1882 como José Renato Monteiro Lobato e mudou seu nome mais tarde para poder usar a bengala com as iniciais JBML do pai.

Bacharel em Direito contra a vontade, dizia sempre o que pensava e defendia a verdade.

•  Escreveu livros para crianças e iniciou o movimento editorial brasileiro.

Ele é estudado como pré-modernista por duas características básicas: o regionalismo e a denúncia da realidade brasileira.

•  Como regionalista dá a exata dimensão do que é o Vale do Paraíba no início do século XX, sua decadência após o declínio da economia cafeeira, seus costumes e suas gentes nos contos de Cidades Mortas, representado pelo famoso Jeca Tatu, a princípio chamado de vagabundo.

•   Só mais tarde toma consciência da realidade da população subnutrida, marginalizada, acometida às doenças epidêmicas.
•  Mesmo sua literatura infantil, tem caráter pedagógico e moralizador.
•  O Sítio do Pica-pau Amarelo é uma alegoria utópica (de sonho) do próprio Brasil, onde tudo funciona e ninguém explora ninguém.
•  Jeca, trabalhava e plantava, mas morria de fome, e os fazendeiros que nada faziam ficavam com quase toda a colheita.
•  Na verdade Monteiro Lobato ao criá-lo quis retratar a realidade brasileira de inúmeros caipiras que viviam na mesma situação que ele.
•   Emília aproveita de sua esperteza para tirar proveito dos outros. Pois é, talvez esse tenha sido o objetivo de Lobato, o de moralizador, de nacionalista, seus personagens representam as várias faces do povo brasileiro. O Sítio vem a criticar e ironizar a realidade.

Morreu a 04/07/48.

sábado, 7 de abril de 2012

QUEM ME LEVA OS MEUS FANTASMAS - PEDRO ABRUNHOSA

Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
E eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e´ a estrada

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada

De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
Quem me diz onde é a estrada?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me leva os meus fantasmas?
Quem me salva desta espada?
E me diz onde e a estrada

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - VITÓRIA SUELLEN


A Revolução Industrial
Antes usávamos a mão
Éramos donos da matéria prima e ferramentas
Logo após chegou o patrão!
Que mandava em tudo!!!
Até nas vestimentas!
 
Depois chegou a máquina!!!
 
Não precisa de ferramentas
De salário
Tudo quem resolve
È o empresário
Que contrata pessoas,
Apenas para manusear

Existe inglês que se acha o tal
Só porque se destacou
No progresso Industrial

A máquina de algodão
Abriu para um monte de invenção
O algodão ia do Brasil
A máquina a vapor também surgiu
Um grande marco na Revolução
Com grande utilização
 
O capitalismo teve seu lugar
A população foi-se a aumentar
Devido às melhorias na agricultura
E o desenvolvimento da Medicina
Surge uma danada de uma mistura
A primeiríssima vacina.

Os pobres
Desprezados
Os ricos
Aclamados
Como sempre aconteceu
Nada disso me surpreendeu
Para os pobres
Necessário
Aquele mísero
Salário
Ao contrário
Fome
E os ricos
Crescendo o nome



Essa realidade pelo mundo
Espalhou
Mas trabalhadores puseram-se a lutar
Para a vida
Melhorar
Décadas e décadas se passaram
Enfim, as coisas mudaram
Vamos em frente
Para um futuro melhor para nossa gente!



(Vitória Suellen Lopes Pinto – 8ª série A/2012)

A fábula do macaco e do peixe - MIA COUTO

Um macaco passeava-se à beira de um rio, quando viu um peixe dentro de água. Como não conhecia aquele animal, pensou que estava a afogar-se. Conseguiu apanhá-lo e ficou muito contente quando o viu aos pulos, preso nos seus dedos, achando que aqueles saltos eram sinais de uma grande alegria por ter sido salvo. Pouco depois, quando o peixe parou de se mexer e o macaco percebeu que estava morto, comentou – que pena eu não ter chegado mais cedo!

(António Emílio Leite Couto é um escritor moçambicano, nasceu em 1955 e é membro da Academia Brasileira de Letras)

domingo, 1 de abril de 2012

http://www.youtube.com/watch?v=iqb6rNUwvtg

Navegar é Preciso - Fernando Pessoa

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

A seleção e os espelhos – José Roberto Torero


            “Dize-me quem escalas e te direi quem és”

            A seleção de cada torcedor funciona como uma espécie de espelho. Assim, se ele escolhe um meio-campo formado por Dunga, Galeano, Mauro Silva e César Sampaio, fica evidente que se trata de um precavido, talvez até de um covarde. Por outro lado, se propõe um ataque com Rivaldo, Ronaldinho e Romário, estamos na frente de um ousado, de um destemido. Se a linha é Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, falamos com um saudosista, e se a defesa conta com Carlos Alberto, Figueroa, Domingos da Guia e Nílton Santos, estamos ao lado de um amante dos clássicos.

            Convencido de que escalar uma seleção seria a forma ideal de me apresentar ao leitor, pus o cérebro para trabalhar e escolhi meus onze jogadores preferidos:



Goleiro: Drummond

Um grande time começa por um grande goleiro. Drummond nasceu em Itabira, mas atuou longo tempo no Rio de Janeiro. Ele traz segurança e tranqüilidade para o resto da equipe. É elástico e seguro, dono de um estilo que marcou época e fez seguidores.



Lateral direito: Bandeira

O pernambucano merece a posição apesar dos problemas respiratórios. Lateral direito de inegável leveza, caracteriza-se por criar jogadas aparentemente simples, mas que só parecem tão simples porque ele faz um complexo trabalho para descomplicá-las.



Zagueiro central: Érico

Central tem que ser gaúcho. Érico, além de ter nascido em Cruz Alta, é um beque polivalente: joga com qualquer tempo – e vento. Pode atuar com aspereza e rudeza, ou sair jogando com maleabilidade e graça. Assim como outro central, Domingos da Guia, também possui um filho de inegável talento.



Quarto zagueiro: Nelson Rodrigues

Essa é uma posição onde é proibido ter falsos pudores; tem que se chutar a bola para a arquibancada e, se preciso for, deixar o inimigo estatelado no chão com fratura exposta. É o caso de Rodrigues, um jogador de moral polêmica. Alguns críticos mais ácidos dizem que ele cai muito pela direita, mas trata-se de um defeito menor que suas qualidades.



Lateral-esquerdo: Vieira

Começou a carreira timidamente, mas um dia teve um estalo e passou a jogar como que inspirado pela luz divina. Seu estilo é lógico, mas também grandiloqüente. Às vezes traça caminhos tortuosos, mas sempre chega ao seu objetivo. De todos os convocados é o único Atleta de Cristo.



Médio volante: Gregório

Um bom cabeça-de-área tem que saber xingar a mãe do adversário de doze formas diferentes. Gregório conhece 118. Não é à toa que o apelidaram de Boca do Inferno. Perguntado sobre as violentas faltas que comete, diz que são para a glória de Deus, pois, “quanto maior o meu pecar, maior a graça d’Ele em perdoar”. Não raro, elabora firulas e gongorismos que surpreendem a torcida.



Meia-direita: Mário

Um ponta-de-lança tem que ser ao mesmo tempo clássico e inovador. Mário consegue as duas coisas: sabe estudar o jogo e inventar lances com a mesma competência. Pode-se dizer que é um clássico de vanguarda.



Meia-esquerda: Machado

A nobre camisa dez não poderia ser vestida por outro. Excelente nos lançamentos em profundidade, é um especialista nos dribles sutis e no toque refinado. Estranhamente, está sempre com um riso nos lábios. Não se sabe, contudo, se ri dos inimigos, de si mesmo ou do público.



Ponta-direita: Guimarães

É um inventor. Guimarães cria dribles e ziguezagueia pelos campos gerais como ninguém. Seus lances são inesperados, como se ele sempre tivesse que criar um caminho próprio. Aprendeu tudo que sabe na várzea, mas seu jogo é universal.



Centroavante: Oswald

Um centroavante deve ser imprevisível, e imprevisibilidade é a única coisa previsível em Oswald. Seu jogo é feito de toques curtos e dribles em pequenos espaços. Tem um temperamento difícil e costuma polemizar com os adversários. É um típico rompedor.



Ponta-esquerda: Graciliano

Vindo de Quebrângulo, Alagoas, este extrema-esquerda é dono de um estilo duro, sisudo e seco. O torcedor sempre pode esperar dele um jogo consistente e seguro. Odeia concentrações e pretende escrever um livro de memórias condenando essa prática.



Obs.: Obviamente esta seleção de imortais conta apenas com jogadores defuntos, o que deixou de fora vários nomes. Em meu banco de reservas estão Veríssimo, Ubaldo, Millôr e Fonseca. São grandes atletas, mas desconfio que não têm muita pressa em entrar nesse time.

Operário do mar, de Carlos Drummond de Andrade


Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?

TANTO MAR - CHICO BUARQUE DE HOLANDA

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente.
E ainda guardo, renitente
Um velho cravo para mim.
Já murcharam em tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente em algum
Canto de jardim.
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar.
Canta a primavera pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho
De alecrim!