sexta-feira, 16 de novembro de 2012

AO GÁS (O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL) - CESÁRIO VERDE


AO GÁS

E saio. A noite pesa, esmaga. Nos

Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.

Ó moles hospitais! Sai das embocaduras

Um sopro que arrepia os ombros quase nus.

 

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso

Ver círios laterais, ver filas de capelas,

Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,

Em uma catedral de um comprimento imenso.

 

As burguesinhas do Catolicismo

Resvalam pelo chão minado pelos canos;

E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,

As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

 

Num cutileiro, de avental, ao torno,

Um forjador maneja um malho, rubramente;

E de uma padaria exala-se, inda quente,

Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

 

E eu que medito um livro que exacerbe,

Quisera que o real e a análise mo dessem;

Casas de confecções e modas resplandecem;

Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

 

Longas descidas! Não poder pintar

Com versos magistrais, salubres e sinceros,

A esguia difusão dos vossos reverberos,

E a vossa palidez romântica e lunar!

 

Que grande cobra, a lúbrica pessoa,

Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!

Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,

Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.

 

E aquela velha, de bandós! Por vezes,

A sua traîne imita um leque antigo, aberto,

Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,

Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.

 

Desdobram-se tecidos estrangeiros;

Plantas ornamentais secam nos mostradores;

Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,

E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

 

Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes

Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;

Da solidão regouga um cauteleiro rouco;

Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

 

"Dó da miséria!... Compaixão de mim!..."

E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,

Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,

Meu velho professor nas aulas de Latim!

 

Noite Fechada (Osentimento de um ocidental) - Cesário Verde


NOITE FECHADA

Toca-se às grades, nas cadeias. Som

Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!

O Aljube, em que hoje estão velhinhas e criancas,

Bem raramente encerra uma mulher de "dom"!

 

E eu desconfio, até, de um aneurisma

Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;

À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,

Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

 

A espaços, iluminam-se os andares,

E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos

Alastram em lençol os seus reflexos brancos;

E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

 

Duas igrejas, num saudoso largo,

Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:

Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,

Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

 

Na parte que abateu no terremoto,

Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;

Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,

E os sinos dum tanger monástico e devoto.

 

Mas, num recinto público e vulgar,

Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,

Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,

Um épico doutrora ascende, num pilar!

 

E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,

Nesta acumulação de corpos enfezados;

Sombrios e espectrais recolhem os soldados;

Inflama-se um palácio em face de um casebre.

 

Partem patrulhas de cavalaria

Dos arcos dos quartéis que foram já conventos;

Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,

Derramam-se por toda a capital, que esfria.

 

Triste cidade! Eu temo que me avives

Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,

Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,

Curvadas a sorrir às montras dos ourives.

 

E mais: as costureiras, as floristas

Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;

Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos

E muitas delas são comparsas ou coristas.

 

E eu, de luneta de uma lente só,

Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:

Entro na brasserie; às mesas de emigrados,

Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

Ave Marias (O Sentimento de um Ocidental) - Cesário Verde


O SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL

            I

AVE-MARIAS

Nas nossas ruas, ao anoitecer,

Há tal soturnidade, há tal melancolia,

Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia

Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

 

O céu parece baixo e de neblina,

O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;

E os edifícios, com as chaminés, e a turba

Toldam-se duma cor monótona e londrina.

 

Batem os carros de aluguer, ao fundo,

Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!

Ocorrem-me em revista, exposições, países:

Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

 

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,

As edificações somente emadeiradas:

Como morcegos, ao cair das badaladas,

Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

 

Voltam os calafates, aos magotes,

De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,

Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,

Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

 

E evoco, então, as crónicas navais:

Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado

Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!

Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

 

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!

De um couraçado inglês vogam os escaleres;

E em terra num tinido de louças e talheres

Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.

 

Num trem de praça arengam dois dentistas;

Um trôpego arlequim braceja numas andas;

Os querubins do lar flutuam nas varandas;

Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

 

Vazam-se os arsenais e as oficinas;

Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;

E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,

Correndo com firmeza, assomam as varinas.

 

Vêm sacudindo as ancas opulentas!

Seus troncos varonis recordam-me pilastras;

E algumas, à cabeça, embalam nas canastras

Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

 

Descalças! Nas descargas de carvão,

Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;

E apinham-se num bairro aonde miam gatas,

E o peixe podre gera os focos de infecção!
 
José Joaquim Cesário Verde nasceu em Lisboa em 25 de fevereiro de 1855, morreu em Lisboa a 19 de Julho de 1886, vítima de tuberculose.  Filho de um lavrador que se tornou negociante, passou sua curta vida praticamente entregue aos interesses paternos, gozando no entanto de uma situação econômica confortável que lhe possibilitava entregar-se a leituras que começou a fazer cedo. Chegou a freqüentar o Curso Superior de Letras, sem estar presente no ambiente literário assiduamente. Nessa época tornou-se amigo de Silva Pinto, que lhe editaria um ano após sua morte o único volume de poemas: O livro de Cesário Verde.
            Podemos apreciar a modernidade urgente da sua poesia, que cabe toda em 166 páginas (reedição de Dom Quixote, com fixação de texto e nota introdutória de Joel Serrão e revisão e notas de Jorge Serrão). Cesário Verde pode ter morrido cedo, pode ter sido esquecido, pode ter sido uma das vítimas da sombra pessoana projetada sobre quase toda a poesia portuguesa posterior. Continua a ser um dos maiores poetas da língua. Cesário Verde é mais conhecido por causa do seu “Sentimento de um Ocidental”, que a vulgata adotou como tema e transfiguração de uma Lisboa de fim de século.
            Em 1887, com uma tiragem de 200 exemplares, foi publicado pela primeira vez O Livro de Cesário Verde. Cesário é mais um poeta do século XX do que do século em que nasceu, e a sua linguagem, estilo, métrica, vocabulário, a concisão dos seus “alexandrinos originais e exatos”, como ele diz, sagram-no como um dos inventores da língua portuguesa, pois Cesário libertou a língua das amarras do lirismo piegas e do sentimento exaltado, das teias de aranha do ideal parnasiano e do romantismo rendilhado.
            Sua poesia se alimenta do prosaico, do concreto, do cotidiano. Poesia que muda os dias finados do famoso spleen, essa vaga inquietação existencial, esse mal-estar, essa indisposição, numa atitude estética que precede as interrogações e angústias ontológicas da modernidade. Cesário usa o português sem “rodriguinhos nem enfeites” (expressão portuguesa), usa a seriedade de uma língua sem lhe roubar a riqueza. O mais pequeno e simples, trivial e despercebido, passando pelos olhos de Cesário, torna-se grandioso e complexo, especial e observado, objeto de reflexão e fonte de inspiração. Cesário Verde conseguiu dar expressão poética à realidade objetiva e cotidiana. Na sua obra, ganham beleza e sentido o cabaz da hortaliça, os frutos, a madeira das árvores, os instrumentos de trabalho dos carpinteiros, as ruas de Lisboa, as vitrinas das lojas, as manhãs atarefadas e as noites alumiadas a candeeiros a gás. Tudo isto é tratado de uma forma impressionantemente exata, numa linguagem simples, coerente e comum.
            Poeta da cidade, um dos maiores em qualquer tempo em qualquer língua, por isso mesmo que genuíno, original, profundamente renovador, quer ao descrever os quadros e os tipos citadinos, quer ao denunciar, em sóbrias palavras, as atitudes subjetivas provocadas pela vida exterior.
            Cesário tem o culto da descrição, da contenção. A sensibilidade e a fantasia são nele dominantes pela estética anti-romântica, pela reserva irônica, pela sábia composição, pelo gosto de polir a frio os seus versos.
 

Mulheres de Atenas - Chico Buarque - Augusto Boal


Mulheres de Atenas - Chico Buarque - Augusto Boal   1976

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

As sem-razões do amor - Carlos Drummond de Andrade


As sem-razões do amor -  Carlos Drummond de Andrade

 


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

"Ser ou não ser eis a questão! (Hamlet de William Shakespeare)


"Ser ou não ser eis a questão!

         Que é mais nobre para o espírito? Sofrer os dardos e setas de um ultrajante Fado ou tomar armas contra um mar de calamidades e resistindo pôr-lhes fim?

         Morrer...Dormir...Nada mais!

         E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os conflitos, herança da carne. Que fim poderia ser mais devotadamente desejado?

         Morrer. Dormir. Dormir, talvez sonhar. Sim, eis a dificuldade. Porque no sono da morte, que sonhos podem sobrevir quando nos tivermos libertado do torvelinho da vida? Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa! Porque quem suportaria os ultrajes e desdéns do tempo, a injúria do opressor, a afronta do soberbo, as angústias do amor desprezado, a morosidade da lei e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno quando ele pudesse encontrar quietude com um simples estilete?

         Quem suportaria tão duras cargas gemendo e suando sob o peso de uma vida afanosa, se não fosse o temor de algo depois da morte, região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou, confundindo nossa vontade e impedindo-nos de suportar aqueles males que nos afligem em vez de nos atirarmos a outros que desconhecemos?

         E é assim que a consciência nos transforma em covardes e é assim que o primitivo verdor de nossas resoluções se estiola na pálida sombra do pensamento, e as empresas de maior alento e importância no momento, com tais reflexões, desviam seus cursos e deixam de ter o nome da ação.”

                     (Hamlet de William Shakespeare)

Lições de amor para iniciantes - ALAIN DE BOTTON



Filósofos ajudam a jovem e arrebatada Julieta a compreender sua paixão

 


Lições de amor para iniciantes


ALAIN DE BOTTON

Como a filosofia lhe pode ser útil quando você se apaixona? Imaginemos uma alma arrebatada pelo amor, Julieta , no auge da agonia, do êxtase e da confusão, implorando conselhos a algum dos grandes filósofos do amor.

Julieta - Será mesmo que os filósofos podem me ajudar a compreender minha paixão? Mal consigo ler um livro, não paro de pensar nos olhos de Romeu.

Resposta - O livro mais famoso sobre o amor é "O Banquete", de Platão (428/27-347 a.C.); e o bom é que ele só tem 80 páginas.

Julieta - O senhor pode me contar a trama?

Resposta - Trata-se de um banquete durante o qual alguns antigos atenienses tentam explicar por que o amor exerce tanto poder sobre nós. Um dos convidados, Aristófanes, lembra que, quando amamos uma pessoa, ela nos parece familiar, como se já a conhecêssemos antes, talvez numa vida pregressa ou em nossos sonhos. Segundo ele, a pessoa amada é nossa "outra metade" há muito perdida, a cujo corpo estávamos originalmente ligados. Todos os seres humanos foram criados como hermafroditas, com costas e flancos duplos, quatro mãos e quatro pernas e dois rostos virados em direções opostas na mesma cabeça. Esses hermafroditas eram tão poderosos, seu orgulho tão devastador, que Zeus foi forçado a cortá-los em dois, numa metade masculina e outra feminina e desde esse dia todos almejam se reunir à metade de que foram separados.

Julieta - E o que os outros convidados disseram sobre isso?

Resposta - Bem, Sócrates era quem mais falava, e ele expôs uma teoria que ficaria conhecida como "amor platônico". Quando somos jovens e ignorantes em filosofia, ele disse, tendemos a nos apaixonar por pessoas fisicamente atraentes, com quem queremos dividir a cama. Infelizmente, essa não é uma forma muito pura ou nobre para Sócrates, embora com o devido aconselhamento possamos chegar a ver que a beleza específica de um corpo é somente um exemplo da beleza dos corpos em geral. Quando nos damos conta disso, nossa fixação maníaca por um corpo em particular diminui e passamos a amar a beleza onde quer que ela se encontre. Somos capazes de aprender que a beleza da alma é muito mais valiosa do que a beleza física. É a partir daí que passamos a apreciar a beleza da ciência e a da filosofia, chegando por fim a apreciar a beleza da beleza. Para Sócrates, o amor começa com a paixão por um corpo atraente e termina no amor pela beleza absoluta.

Julieta - Então o verdadeiro amor não envolve sexo?

Resposta - O desejo sexual não é irrelevante para o amor, mas é uma versão de qualidade inferior do amor sublime que descobrimos quando abandonamos nossos desejos físicos - uma visão que encontrou abrigo junto aos pensadores do cristianismo primitivo e que explica os tradicionais problemas do Ocidente com o corpo.

Julieta - Por que os filósofos são sempre tão puritanos?

Resposta - Não é bem assim. Para Schopenhauer (1788-1860), por exemplo, "o sentimento amoroso radica exclusivamente no impulso sexual". O amor é apenas um nome inventado que damos a um impulso de reprodução da espécie. "(O amante) imagina que se esforça e se sacrifica por seu próprio prazer, mas tudo o que faz, na verdade, é guiado pela reprodução da espécie."

Julieta - Mas isso faz a paixão parecer trivial e rasteira.

Resposta - Nem tanto; aos olhos de Schopenhauer, nada podia ser mais importante. "(O amor) é digno da profunda seriedade com que todos o buscam; ele decide nada menos do que o substrato da nova geração." Em sua obra máxima, "O Mundo como Vontade e Representação" (infelizmente bem mais longa do que "O Banquete"), Schopenhauer explica por que o amor é um tema eterno: "(O amor) é o objetivo último de quase toda a preocupação humana; é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais. Ele não hesita em interferir nas negociações dos homens de Estado e nas investigações dos sábios. Ele sabe como insinuar seus bilhetes de amor e seus anéis de cabelo nas pastas ministeriais e nos manuscritos filosóficos".

Julieta - Podemos ser felizes no amor? Alguma vez os filósofos foram otimistas quanto a isso?

Resposta - O impulso para o pensamento raramente atinge os satisfeitos, portanto a resposta é não. Veja Nietzsche (1844-1900), para quem o amor era uma guerra: "O amor é o ódio mortal dos sexos".

Julieta - Por quê?

Resposta - Porque "o homem quer o poder incondicional sobre a alma e o corpo da mulher". Além disso, Friedrich achava que "a vontade de reinar é a marca dos homens mais sensuais". A seu ver, as mulheres desejam apenas "pertencer" a um homem viril. "O que uma mulher entende por amor é uma dádiva total do corpo e da alma, sem reservas."

Julieta - Um assunto não muito indicado para o primeiro encontro, não é?

Resposta - Ele não é o único que tem essa visão sombria. As coisas só pioram se passamos a Jean-Paul Sartre (1905-80), para quem o amor é um "ideal irrealizável". E isso porque queremos algo impossível das pessoas que amamos: somos atraídos pela liberdade e independência que detectamos nelas. E, no entanto, ficamos tão apavorados que tentamos privá-las desses atributos quando estabelecemos uma relação amorosa. Ou, como diz Sartre, "o amante quer ser amado pela liberdade, mas exige que essa liberdade, como liberdade, não seja mais livre".

Julieta - Mas então ninguém lembra que queremos ser afáveis, generosos e bons quando amamos uma pessoa?

Resposta - Immanuel Kant (1724-1804) notou isso, mas ele não achava que os amantes fossem sempre morais. Ele distingue o amor "prático" do amor "patológico". O amor prático seria uma disposição racional de agir de modo benévolo com quem precisa, independentemente de qualquer relação que possamos ter com eles. Amor patológico, por sua vez, é uma inclinação para ajudar a quem amamos, por razões bastante irracionais, porque as desejamos sexualmente. Atos de amor patológico provêm de paixões volúveis e não de uma apreciação racional do que seja certo fazer. É por isso que eles carecem, segundo Kant, da dignidade ética que possuem os atos de amor prático.

Julieta - Meus Deus! Será que algum filósofo disse algo positivo sobre o amor?

Resposta - Talvez a visão mais amena seja a de Aristóteles (384-322 a.C.), que nunca escreveu especificamente sobre o amor, mas sobre a amizade. Ele achava que uma boa amizade, na qual duas pessoas se unem no amor pela verdade, era o que podia haver de melhor.

Julieta - Não há dúvida; a propósito, onde está meu Romeu?

 

(Folha de S. Paulo. Caderno Mais!  P. 5. 14 de Fevereiro de 1999)

Alain de Botton é escritor britânico de origem suíça. Escreveu, entre outros, "Ensaios de Amor" (Rocco).

“ – Nunca amei, nunca senti por uma mulher uma destas paixões únicas, dominadoras, exclusivas, a que se sacrifica tudo; mas às vezes tenho pensado nisto e julgo haver concebido o que seria para mim o amor , se o sentisse. Se eu um dia amasse, parece-me que procuraria esconder de todos os olhos essa paixão; desejaria que ninguém ma suspeitasse nem por uma palavra, nem por um gesto, nem por um olhar. Ouvir estranhos falar sequer na mulher que eu amasse ferir-me-ia como uma profanação. Não escolheria confidentes, a ninguém revelaria esse segredo da minha alma. A mais alta, a mais casta voluptuosidade, que me produziria este amor seria o poder dizer, quando estivesse só: “Ninguém no mundo sabe, ninguém suspeita este mistério do meu coração, senão ela.”  Para ela só, para essa mulher que eu amasse quereria reservar todas as manifestações dos meus sentimentos, as mais sérias e as mais pueris, pertenciam-lhe; e permitir que outros as percebessem era profanar o culto. Só com ela, sim, todas as reservas acabavam; então no gesto, na palavra, no olhar revelaria inteira a minha alma, sem mistério nem discrição. Aspiraria assim nesses instantes todo o suave e delicado perfume do amor. Que o mundo, ao ver-me frio e concentrado, pensasse: “Aí está um homem de gelo, este não sabe amar”, e que ela só pudesse dizer: “Oh! Eu é que sei de que extremos é capaz aquele amor que ninguém suspeita.”

            (DINIS, Júlio. Os fidalgos da casa mourisca)

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

DEFENESTRAÇÃO – Luis Fernando Veríssimo
Certas palavras tem o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias com todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.
- Os hermeneutas estão chegando!
- Ih, agora que ninguém vai entender mais nada…
Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
- Alo…
- O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem deveria ser uma peça mecânica.
- Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.
Plúmbeo deveria ser barulho que um corpo faz ao cair na água.
Mas, nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar deveria ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deveriam sussurrar ao ouvido de mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas, algumas… Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerram os documentos formais? “Nesses termos , pede defenestração..” Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em?
-Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada era a palavra exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “Defenestration”. Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância, mas não minha fascinação. Um ato como esse só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada a baixo. Por que então, defenestração?
Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.
- Lês defenestrations. Devem ser proibidas.
- Sim, monsieur le Ministre.
- São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos prédios.
- Sim, monsieur lê Mnistre.
-Com prédios de três, quatro andares, ainda era possível. Até divertido. Mas, daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: “Interdit de defenestrer”. Os transgressores serão multados. Os reincidentes serão presos.
Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestreurs. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.
- É essa estranha vontade de jogar alguém ou algo pela janela, doutor…
- Humm, O Impulsus defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar – diz o analista, afastando se da janela.
Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada.
Na lua-de-mel, numa suíte matrimonial no 17º andar.
-Querida…
- Mmmm?
-Há uma coisa que preciso lhe dizer…
-Fala amor.
-Sou um defenestrador.
E a noiva, na inocência, caminha para a cama:
- Estou pronta pra experimentar tudo com você. Tudo!
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
- Fui defenestrado…
Alguém comenta:
- Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela.
Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassa-lo e defenestrar essa crônica. Se ela sair é porque resisti."

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cora Coralina







Cora Coralina é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, poetisa e contista brasileira nascida na Cidade de Goiás em 20 de agosto de 1889  e falecida em Goiânia no dia 10 de abril de 1985. Considerada uma das principais escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 (Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais),[1] quando já tinha quase 76 anos de idade.
Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
Chamava-se, de batismo, Ana Lins do Guimarães Peixoto. A reconhecida poetisa nasceu no Estado de Goiás em 20 de agosto de 1889 e morreu em 10 de abril de 1985. Mas, o reconhecimento não veio fácil ou logo.
Dizem que chamar Cora Coralina de poetisa é restringir seu talento. Era também contista, cronista de mão cheia e até mesmo jornalista, pois é sabido que tinha imensa habilidade de observar os acontecimentos cotidianos, retratando-os com fidelidade. O dom da escrita a acompanhava desde cedo. Tanto que aos 15 anos de idade, tornou-se Cora, uma maneira de esconder sua verdadeira identidade, pois naquela época “moça direita” não perdia tempo com escritos. Coralina surgiu depois e o significado não poderia ser mais poético: Cora Coralina quer dizer coração vermelho.
Da casa dos pais, Ana Lins partiu para São Paulo. Ela e Cantídio Tolentino Brêtas apaixonaram-se e fugiram para Jaboticabal (SP). Teve seis filhos. Lá levou a vida que a maioria dos brasileiros leva, renunciou vontades e sonhos para prover o sustento da família. A escritora saiu de cena, foi impedida de crescer, enquanto a trabalhadora, mãe e esposa assumia os compromissos da vida. Foi costureira, vendedora de livros, comerciante. Mas ainda assim, nunca deixou de escrever e de se empenhar em ajudar, principalmente às mulheres. Ana sugeriu a criação de um partido feminino e escreveu até mesmo um manifesto de agremiação.
Depois de viúva, já não havia quem lhe impedisse de se expressar por meio das palavras (dizem que seu marido a impedira de participar da Semana de Arte Moderna de 1922). Aos 70 anos aprendeu a datilografar e, entre retalhos de textos, produziu seu primeiro livro - Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais – aos 75 anos. Em 1976 lançou Meu Livro de Cordel e em 1980, recebeu uma carta de Carlos Drummond de Andrade, repleta de elogios sobre seu trabalho. Foi após a divulgação dessa carta que Cora Coralina tornou-se conhecida no país todo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Respeito

"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação,
seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes''
Albert Schweitzer

Mãe

Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura. 

                    Cora Coralina 

Hábito de Leitura


A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.
Carlos Drummond de Andrade



   Não é todo mundo que gosta de ler, mas a leitura é um grande instrumento para se manter informado das atualidades. E com o hábito de ler pelo menos um livro por mês ou mais ainda, você terá mais informações para criar um boa redação durante um prova e ainda aumentará o seu vocabulário.
   O aluno que não lê, terá grandes dificuldades em enfrentar o vestibular, pois seu conhecimento se vai apenas aos conteúdos da escola, não tendo uma visão maior, mais crítica dentro dos problemas sociais e mundiais.
   Então é muito importante para sua formação e para seu cotidiano. Procure estabelecer um horário de leitura, uma boa opção é ler antes de dormir, além de relaxar o sono vem vindo.

domingo, 2 de setembro de 2012


Canção do exílio de Casimiro de abreu

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!

O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor de rosa que passava
Correndo lá do sul!

Quero dormir à sombra dos coqueiros,
As folhas por dossel;
E ver se apanho a borboleta branca,
Que voa no vergel!

Quero sentar-me à beira do riacho
Das tardes ao cair,
E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
A voz do sabiá!

Quero morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,
E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal!

Minha campa será entre as mangueiras
Banhada do luar,
E eu contente dormirei tranqüilo
À sombra do meu lar!

As cachoeiras chorarão sentidas
Porque cedo morri,
E eu sonho no sepulcro os meus amores
Na terra onde nasci!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

CHEGANÇA
             Antonio Nóbrega
 
Sou Pataxó,
sou Xavante e Cariri,
Ianonami, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-o, Tupinambá.

Depois que os mares dividiram os continetes
quis ver terras diferentes.
Eu pensei: "vou procurar
um mundo novo,
lá depois do horizonte,
levo a rede balançante
pra no sol me espreguiçar".

eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro...
botei as pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava no paraíso,
onde nem era preciso
dormir para se sonhar.

Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
De grande-nau,
um branco de barba escura,
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.

E assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: "vão me acabar".
me levantei de borduna já na mão.
Ai, senti no coração,
o Brasil vai começar.

Em homenagem à semana da Pátria


 


CANÇÃO DO EXÍLIO


            GONÇALVES DIAS



Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

 

 

Gonçalves Dias com dez anos de idade, começou a trabalhar no comércio com seu pai: era encarregado da caixa e da escrituração na casa da propriedade paterna.
Em 1835, estudou latim, francês e filosofia e, em 1838, após a morte do pai, partiu para Coimbra, a fim de estudar Direito, matriculando-se dois anos depois na universidade.
Em 1845, voltou ao Brasil. Um ano depois, entrou para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro e, em 1849, foi nomeado professor de latim e história pátria, no Colégio Pedro II, no qual se concentravam as elites do Segundo Reinado.
Em 1851, fez pesquisas históricas para o governo nas províncias do Norte.
Em 1853, foi nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros, partindo para a Europa, onde permaneceu até 1857.
Em 1858, retornou ao Rio de Janeiro, e percorreu, em missão científica, os estados do Norte e Nordeste.
Viajou para a Europa em 1863.
Quando regressava, faleceu no naufrágio do navio “Ville de Boulogne”, nas costas do Maranhão.
 


Obra

POESIA: Primeiros cantos (1847); Segundos cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848); Últimos Cantos (1851); Os Timbiras (1857).

TEATRO: Patkull (1843); Beatriz Cenci (1843); Leonor de Mendonça (1847); Boabdil (1850).
PROSA: Brasil e Oceânia (1852); Dicionário da língua tupi (1858)