Canção do exílio de Casimiro
de abreu
Se
eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!
Dá-me
os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!
Se
eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já!Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Quero
ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!E a nuvem cor de rosa que passava
Correndo lá do sul!
Quero
dormir à sombra dos coqueiros,
As folhas por dossel;E ver se apanho a borboleta branca,
Que voa no vergel!
Quero
sentar-me à beira do riacho
Das tardes ao cair,E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir!
Se
eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
A voz do sabiá!
Quero
morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal!
Minha
campa será entre as mangueiras
Banhada do luar,E eu contente dormirei tranqüilo
À sombra do meu lar!
As
cachoeiras chorarão sentidas
Porque cedo morri,E eu sonho no sepulcro os meus amores
Na terra onde nasci!
Se
eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja jáEu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
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