sexta-feira, 16 de novembro de 2012

"Ser ou não ser eis a questão! (Hamlet de William Shakespeare)


"Ser ou não ser eis a questão!

         Que é mais nobre para o espírito? Sofrer os dardos e setas de um ultrajante Fado ou tomar armas contra um mar de calamidades e resistindo pôr-lhes fim?

         Morrer...Dormir...Nada mais!

         E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os conflitos, herança da carne. Que fim poderia ser mais devotadamente desejado?

         Morrer. Dormir. Dormir, talvez sonhar. Sim, eis a dificuldade. Porque no sono da morte, que sonhos podem sobrevir quando nos tivermos libertado do torvelinho da vida? Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa! Porque quem suportaria os ultrajes e desdéns do tempo, a injúria do opressor, a afronta do soberbo, as angústias do amor desprezado, a morosidade da lei e as humilhações que o paciente mérito recebe do homem indigno quando ele pudesse encontrar quietude com um simples estilete?

         Quem suportaria tão duras cargas gemendo e suando sob o peso de uma vida afanosa, se não fosse o temor de algo depois da morte, região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou, confundindo nossa vontade e impedindo-nos de suportar aqueles males que nos afligem em vez de nos atirarmos a outros que desconhecemos?

         E é assim que a consciência nos transforma em covardes e é assim que o primitivo verdor de nossas resoluções se estiola na pálida sombra do pensamento, e as empresas de maior alento e importância no momento, com tais reflexões, desviam seus cursos e deixam de ter o nome da ação.”

                     (Hamlet de William Shakespeare)

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